segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Começo a me arrumar. Tento pensar no ideal para vestir naquele grande momento. Nada depositado na mala me agrada. É verão naquela cidade e a noite está quente demais! Ou será que a ansiedade que aumenta minha temperatura?
Na cabeceira da cama, olho meu celular. O gesto me remete a conversa de horas atrás:
- Oi!!!
- Oi, como você está? - disse eu.
- Bem e você?
- Ótima! Tenho uma coisa a dizer... Estou aqui.
- Hum??
- Estou na sua cidade.
Do outro lado da linha, silêncio absoluto. O que deve ter sido aproximadamente três segundos, me pareceu uma eternidade.
- Me passa o endereço.
Peguei um cartão do hotel e fiz o que me pedira.
- Em duas horas estarei aí.
Trêmula, retiro um jeans da mala. Meu preferido. Finalmente decidi que não queria vestir nenhum personagem. Queria apenas ser eu, sem condições. Coloco o querido e estiloso tênis branco. Por fim, uma blusa qualquer.
Meu olho no espelho. Reconheço a boa e velha pessoa que sou. Sorri, como se tentasse me encorajar, o que foi em vão. Checo a hora no relógio de parede do quarto. Apenas vinte minutos nos separam do momento tão esperado.
Pego uma coca cola no frigobar. Aahhhh! Sinto o efeito da cafeína quase que instantaneamente. O efeito 'calmante' que cismei que ela me proporciona.
E então começo a andar de um lado para o outro, sempre de olho nos ponteiros do relógio, estes que pareciam estar emperrados.
Restando apenas 10 minutos e sem coca cola, resolvo sair do quarto. Entrego as chaves à recepcionista e digo que ficarei ali na frente do hotel. A simpática moça sorri, em sinal de concordância.
Sinto mais uma vez um calor incontrolável. Impossível que esteja tão quente às nove horas da noite! Tento expulsá-lo. Não quero suar demais.
Cruzo os braços. Descruzo. Sento. Levanto. Bato os pés, sacudo as mãos. O coração acelera, enquanto as mãos tremem no seu rítimo. Recomeço então, a caminhada, aquele lá e cá que não me levou a lugar algum.
E de repente escuto um barulho de motor. Nada extravagante. Diga-se de passagem, um motor tranquilo, silencioso. Não quero virar. Algo me diz que é ele. O coração pula de forma descontrolada!
O motor desliga. A porta bate. Ainda sim, não me viro. Me atento a cada ruído que possa vir daquele ser, mas não escuto absolutamente nada por um tempo, era como se ele também estivesse encorajando a si mesmo.
Respiro fundo e ao me virar, tenho um sobressalto.

Olho em volta e vejo as paredes do meu quarto. Escuto o celular tocando na bolsa.
Não posso acreditar que tudo passou de um sonho....