sexta-feira, 24 de abril de 2009

E o que era sólido ruiu
Esfarelou-se
Virou pó
O inabalável se abalou
Fraquejou, desfez seus laços

E por que?
Me diga, por que?
A resposta cala diante de meus olhos.
As ações me assustam. Por mais que eu minta
Dói
Sangra
Rasga

Mais questionamentos.
Por que???
Por que dói tanto?
Por que incomoda?
Por que faz falta o riso, o abraço?
A cumplicidade, a compreensão?

Estranho não é?
Uma coisa tão recente se tornar tão essencial
Segredos da humanidade
Um desligamento repentino
Uma mundança drástica

Um novo ciclo adiante
Novos laços, talvez?
Que seja feita a sua vontade

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Ônibus a balançar.
Pessoas pensam, ouvem música, leem.
Eu leio Machado de Assis.
Grande escritor.
Mais de um século que partiu.
E ainda encanta.
ME ENCANTA.


Ônibus a balançar.
O barulho não me incomoda.
Trânsito, buzinas, transeuntes?
Tampouco.
Meu incomodo é silêncioso.
É íntimo. É interno.


Tento e consigo me distrair com Brás Cubas. Ah Machado de Assis!
Mas algo me puxa para a realidade de forma brutal.
Uma música.
A voz doce atravessa meus ouvidos e finda em meu peito.
Retiro os olhos do livro. Procuro de onde vem aquele som.
Atrás de mim há uma mãe e seu filhinho. Ambos de olhos azuis e rosto sereno. Poderia chamá-los de anjos, se assim quisesse.

A mãe, conta o verso de uma canção, esta que desconheço.
O garotinho, continua aquele aquele mesmo verso, dando sequencia à outro.


A bela mulher nota meu olhar.
Sorrio em sinal de aprovação
Ela sorri de volta.
Deve ter percebido que olhava para eles com emoção.
Pouso os olhos sob o livro.
Quero chorar.
A emoção toma conta de mim.
Essa ligação mãe-filho sempre mexeu comigo.


Ônibus a balançar.
Próxima parada, faculdade.
Nesta parada, meus anjos de voz doce se vão.
E nunca mais os ouvirei.

sábado, 11 de abril de 2009

Flor



Regue-me

Pense em mim como se fosse uma flor
Delicada, indefesa
Incapaz de fazer algo por si só
Passiva em seu espaço
Apenas esperando pelo calor do sol
Ou pelo refrescar da chuva

Regue-me
Cuide de mim e irei florecer
Molhe minhas raizes que ficarei, a cada dia, mais vistosa.
Pode minhas folhas
Sinta meu perfume
Retire meus espinhos
Pois assim, não espetarei o seu dedo